Olhos verdes

Eu sou o fim. O início dos fracassados. Sou um lobo solitário enfim, a sombra mais fria do deserto. Sou o desconhecido, o desajustado. Sou o pino redondo no buraco quadrado. Sou a bagunça e a cortesia, talvez a arte na poesia. Eu sou feroz e ao mesmo tempo cruel. Sou nato competidor, alma de vencedor, sem pensar em derrotas e fracassos. Sou o perigo e também o artigo, as letras itálicas nos textos em negrito. Eu sou tudo e o nada, um coiote, ou talvez uma águia, que lá de cima eu vejo tudo e ninguém me vê, sou tudo que reflete de você. Eu sou o beijo salgado em um rosto molhado. Sim, sou isso e aquilo, a rima nas ironias, acreditando em metade do que vejo através dos meus olhos verdes, e em nada do que escuto. Sou o observador e o realista, talvez seja o mais sozinho. 

            Vinicius Giovanella